O presidente e os lobos

                                                                                                                   Silas Queiroz

            O alerta feito pelo Senhor Jesus aos seus discípulos quando enviados ao campo de trabalho pode ser aplicado a todos nós, e, por analogia, também ao presidente Jair Bolsonaro: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10.16). O trabalho dos discípulos era eminentemente espiritual, mas como princípio a advertência há que ser seguida em qualquer missão que tenhamos a realizar na terra.

            O presidente demonstra muita simplicidade, mas pouca prudência. Age como se estivesse no meio de ovelhas, ignorando estar cercado por lobos de todos os lados. Artistas, intelectuais de plantão e grande parte da mídia fazem parte daqueles que, nitidamente, estão sempre à espreita, esperando para atacar. Qualquer deslize pode ser fatal!

            Mesmo aqueles que, cinicamente, dizem não ser inimigos, agem dissimuladamente, com manifesta intenção de prejudicar. Não há amadores nessa seara. Quem se dispõe a militar na vida pública precisa estar ciente de que existem muitas “covas de lobos”, dissimuladas, adredemente preparadas para matar os incautos.

            O presidente precisa entender que pode ser simples (e conservar a simplicidade é uma extraordinária virtude!), mas sem deixar de ser prudente. Agir como pomba, sem deixar de agir como serpente. Com lobo não se brinca!

            Por mais forte que possa parecer a expressão de Jesus, sabemos que é absolutamente precisa. Não há como ser diferente! O presidente se mostra simples, por exemplo, quando faz singelas perguntas, demonstrando, como uma pessoa comum, que não conhece tudo, e que pode desconhecer coisas que apesar de fazerem parte do universo de muita gente não lhe são familiares. Nada de anormal nisso! Mas nessas horas poderia consultar alguém de seu círculo íntimo, evitando expor em público uma dúvida que pode ser considerada pueril.

            O episódio da postagem do vídeo com cenas inadequadas colhidas durante o carnaval último revela a falta de prudência do presidente. A crítica que fez é bem válida... É evidente! Mas abre caminho para os hipócritas golpeá-lo com argumentos falaciosos, mas que terminam por ser difíceis de rebater, como é caso da defesa da “imagem” do Brasil fora do país. Afinal, consideram o carnaval uma fonte de grande atração turística.

            É claro que seus críticos, salvo alguma rara exceção, compõem o circo da hipocrisia. Paladinos da moralidade, que somente aproveitaram a simplicidade do presidente para criticá-lo, enquanto as cenas produzidas na Exposição Queer Museu não passaram de “arte” !!!

            Mas é justamente para não dar azo a esse tipo de gente que o presidente precisa evitar comportamentos dessa natureza! O cargo que ocupa hoje difere muito da posição que antes ocupava: um parlamentar polêmico, da oposição ao establishment então dominante. Hoje, como mandatário maior da nação, precisa atentar para a liturgia do cargo, fazer incursões sempre propositivas, sabendo o grau de representatividade que tem. É preciso agir com prudência no meio dos lobos.

            Essa mesma prudência se aplica em casos familiares e precisa ser extensiva aos seus ministros e demais auxiliares. O sistema ideológico que está impregnado no país tem suas bases na dialética marxista, que é ateísta. Assim, qualquer ideologia que se proponha a apresentar valores alinhados com a Palavra de Deus enfrentará forte oposição desse tenebroso império.

            Não se trata, naturalmente, de se assumir posição política de direita versus esquerda, porque sabemos que nenhuma ideologia humana é perfeita ou está em completa sintonia com a Palavra de Deus. Sabemos, todavia, que umas se aproximam mais dos valores judaico-cristãos, como os conservadores – de direita –, enquanto outras seguem o espírito que trilha pelo caminho da afronta a tudo o que se chama Deus, como os progressistas – de esquerda (2 Ts 2.4).

            Assim, é prudente saber que esse sistema mundano jamais aceitará quaisquer ações que visem restaurar princípios e valores morais que estejam de acordo com as Escrituras. Admitindo-se ou não, são sistemas opostos. Desta forma, ao ter decidido sabiamente defender bandeiras que vão de encontro às ideologias nefandas que governavam o país o presidente precisa compreender que está como ovelha no meio dos lobos.

            Nosso papel como Igreja é orar por todas as autoridades, para que tenhamos vida quieta e sossegada (1 Tm 2.1,2). Interceder pelo presidente e seus auxiliares para que sejam firmes na defesa dos valores morais que estejam consoantes com a Palavra de Deus, conservando a simplicidade em equilíbrio com a prudência. Os lobos estão por toda parte!

                                                           O autor é pastor na AD em Ji-Paraná, RO.

Vivemos um dos momentos mais perigosos de nossa História. O “principado do mal” que governava o  Brasil, foi tirado do Planalto.